Qual o limite da copy?

Esses dias saiu a seguinte notícia:

“Anvisa proíbe 140 chás e remédios emagrecedores depois da morte de uma enfermeira”

Pergunta:

Como você se sentiria se fosse o copywriter do produto que levou alguém à morte?

Se sentiria horrível?

Ou você diria “estou apenas fazendo meu trabalho”?

Sua resposta vai dizer muito sobre quem você é.

Eu acredito que nós copywriters temos um importante papel na sociedade e precisamos ter responsabilidade por nosso trabalho.

É por essa razão que eu não trabalho com qualquer um.

É por essa razão que eu dispensei grandes contratos com empresas que vendiam produtos duvidosos.

“Ah Bruno, mas as pessoas compram esses produtos por que querem” diz o copywalter querendo justificar a falta de compaixão dele.

Claro que o consumidor também tem sua parcela de culpa na equação.

Ninguém botou uma arma na cabeça dele pra passar o cartão.

Porém, as pessoas não compram simplesmente por que querem.

Esse querer não surge do nada.

Ninguém acorda pensando: “Que lindo dia pra tomar um chazinho queimador de medidas”

Não.

A pessoa acorda se sentindo mal com seu corpo. Aí ela começa a ver anúncios – escritos por copywriters – falando de todas as maravilhas e milagres de um chá com ervas do monte fuji, sem contra indicação, que ainda proporciona outras dezenas de benefícios e que todo mundo está tomando e blá blá blá…

Aí ela se sente segura e toma a decisão.

“Então a culpa é do copywriter?”

Pra mim, o maior culpado é o fabricante do produto lixo. Se não existissem esses produtos ninguém os tomaria.

Mas em segundo lugar, eu considero culpados aqueles que fazem esses produtos chegarem às pessoas – sendo o copywriter um desses.

De novo, tudo vai depender de sua maneira de ver as coisas.

Pra mim, o limite do copy é a mentira.

Ou seja, enquanto a copy se mantiver 100% verdadeira (sobre as promessas, sobre as entregas, sobre o produto e sobre tudo) está valendo.

Mas quando a copy é inventada. Quando promete o que não cumpre. Quando o produto é lixo. Pra mim isso não é copy. É golpe.

Pra mim esse não é um verdadeiro copywriter. É um golpista.

Estou falando sobre isso por que, por incrível que pareça, muitos copywriters não param pra pensar nisso.

Eles estão tão afundados em copy copy copy, tão doutrinados pelos “maiores copywriters do mundo”… que esquecem que existem pessoas e consequências do outro lado da carta de vendas.

Pense nisso.

E antes de elogiar a bela headline e o resultado de uma campanha, procure se informar o quanto aquilo é verdade.

A menos que você se importe mais com dígitos que com pessoas.

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